Uma Casa Séria

3.3.04

Sad but true

No curto espaço de tempo que estivemos juntos, inúmeras barreiras foram derrubadas. Eu falei e escrevi coisas que não eram tão facilmente expostas, ouvi coisas que não se ouve comumente.

Fiquei surpreso em ver quão fácil foi para que ela voltasse a se fechar pra mim. Fui sacado de sua vida de tal forma que só consigo imaginar duas alternativas pra que isso tenha sido possível:
- Eu não entrei de verdade, foi só uma amostrinha, uma versão demo, um trailer,
- Fui colocado pra fora pra parar de me mexer lá dentro e continuar fazendo onda e perturbando enquanto me debatia,
- Eu não tinha tanto a oferecer quanto achava que tinha e a perspectiva do que poderia vir não era tão atraente assim

De qualquer forma, ela não reage mais a estímulos – o que me resta é desligar os aparelhos.
Eu busco um sinal, qualquer coisa que mostre que ainda há esperança, mas só o que ouço são os ecos de meus gritos.
Instintivamente, sei que tenho que sair daqui. Aqui definharei mais e mais. Sei que lá fora há sol e vida, mas ainda comparo o que há lá ao brilho dos dias que sonhei que teria com ela e essa vida fica enevoada, parecendo uma vida que se contenta em completar a prova quando a vitória estava ao alcance dos dedos.
O processo da minha cura fatalmente começará, quem sabe quando...
Pelo menos a limpeza das lembranças eu estou providenciando. Nossos emails foram devidamente lidos, memorizados e apagados de inboxes e back ups...
Ao mesmo tempo, durante uma limpeza há muito necessária de minhas gavetas, uma nova lembrança aparece... O cartão de Natal dela. (isso parece conspiração do destino) Mais sonhos estavam naquele cartão. Agora impossíveis. Resisto à vontade de jogá-lo fora ou destruí-lo com alcool e fogo.
Ela ocupou um grande espaço aqui, agora me resta fecha-lo, cobrir os móveis restantes com lençóis, desligar o som, onde ainda tocava nosso CD, fechar as janelas por onde ainda entram frestas de luz, desligar a chave geral e trancar a porta da entrada.
Lá dentro fica o silêncio e vozes sussurradas há muito tempo ainda ecoam palavras de carinho e entrega no ar parado. É dificil não tremer ao ouvir tais palavras e sentir o quão fundo estão ao mesmo tempo que tornaram-se tão vazias.
Quero que isso pare.

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