Uma Casa Séria

20.6.11

Banalização

Tinha uma campanha publicitaria da Folha de São Paulo, uns muitos anos atrás, que falava que vivíamos a era da banalização. Era uma campanha contra a banalização. A campanha pode sua origem na publicidade e pode até ter servido para vender mais jornais, não sei o resultado financeiro-mercadológico-product placement sei-lá-o-quê.

Sei que como campanha de alerta ou conscientização falhou. A banalização está mais enraizada do que nunca em nossa sociedade.

Sabe porque vivemos a era da banalização? Porque vivemos no pais das bananas... tá, péssimo.

Hoje tudo é tratado com banalidade. Tudo é tratado no aumentativo enquanto as grandes questões, as questões que poderiam realmente mudar alguma coisa na nossa sociedade, ficam apagadas e tratadas como tabu ou como combustível para discursos inflamados que em nada ajudam a discussão.

Parenteses gigantesco

Alguém disse que uma edição de um jornal impresso de grande tiragem tem mais informação do que um homem do seculo XVII recebia em sua vida inteira. O quanto dessa informação é útil, de alguma forma, para um cidadão comum? Tirando o tamanho da fonte usada, o que da o grau de importância a uma noticia, ou a transforma em algo verdadeiramente digno de ser lido e processado?

Numa mesma edição fala-se de Política e economia (infelizmente sempre ligadas). Sociedade, esportes, fofocas, ciência, historia, artes. Tudo com tanta profundidade quanto o assunto estiver hypando.

Informação tem-se de sobra, mas sempre uma mesma informação regurgitada, reeditada, retraduzida... vazia de conteúdo.

Um pouco de conteúdo se encontram nos editoriais, ou colunas de pensadores, mas a linguagem os desfavorece. Rebuscada, temerosa, ponderada. Afinal uma critica mal apresentada pode trazer impactos desastrosos a instituição do jornal.

Mas é isso. Muita informação (de diversos niveis de qualidade) a disposição, mas pouco conhecimento sendo transmitido.

Fim do Parenteses Gigantesco

Vamos ver algumas banalizações

Preconceitos (Racismo/ homofobia / xenofobias quaisquer)

Tema espinhoso, mexe com História do Brasil, com cultura, com a forma como lidamos com pessoas que tem uma história pessoal e familiar bem diferente das nossas, seja a nossa qual for.
Mas a forma de abordar o tema esta banalizada, o nao poder fazer piada de (inclua aqui sua minoria (?) preferida - Japones isso, judeu aquilo, arabe, gays, preto, baiano, gaucho, lesbicas, americano, mulher, deficiente fisico ou mental) ja virou piada - o que só ajuda a banalizar o tema.

Da forma como eu vejo, temos que respeitar e ser respeitados. Temos que ter cuidado de nao usar termos ofensivos, mas temos que pegar leve nas criticas a quem os usa. Temos que respeitar o(s) contexto(s) todo(s).

Mas nao dá pra tratar como racismo qualquer situação onde um preto é chamado de negão, muito menos ficar policiando qualquer situação onde chama-se alguem de viadinho, ou china... voces entenderam.

Mas ao tratarmos de forma banal esse assunto, deixamos de tratar questoes de racismo realmente importante, como o acesso de pessoas de todas as etnias a todas as oportunidades.

Bullying

Mais uma banalização que me traz muita irritação. tudo é bullying. Eu passei por situações de humilhar outras criancas e por situações de ser humilhado. De bater e de apanhar. Constranger e ser constrangido. Faz parte, ensina nossa forma de co-habitar esse mundão cão com todo tipo de gente. Nem toda situação de desavença aguda chegando às vias de fato é bullying. Ficar generalizando e tratando como vitimas de sindrome por traumatica qualquer crianca ridicularizada por ter feito algo tido como ridiculo é caminhar rumo a uma sociedade que eu nao quero para o meu filho, um mundo de bundoes sem auto estima.

Esses ao alguns dos assuntos do momento que a banalização atinge e enfraquece o discurso. Daria pra esticar o post falando de meio ambiente, saude, politica, religião, futebol...

Mas acho que meu ponto está quase todo aqui: A superficialidade e imediatismo com que tratamos os pontos cruciais de mudança de nossa sociedade nao permite uma correta formação de opiniao por parte das pessoas e nao contribui para a evolução que gostaríamos de ver no mundo.