Uma Casa Séria

31.7.06

Vários assuntos desconexos ou não

Esse fim de semana, ouvi falar de um jogo (um dos tão falando MMORPG ou Jogos de Interpretação Online para Massivos Multi jogadores) chamado Line Age. Fiquei curioso. Afinal, tendo sido uma vez nerd quatro olhos sem cuidados básicos com a aparência e viciado em assuntos quaisquer que proporcionem fuga da realidade, recaídas são inevitáveis.

Enfim, fui googlezar (péssima) o tema e descobri que é um jogo muito bem elaborado, talvez um pouco pesado demais, mas interessante, pra dizer o mínimo. Daí descobri que precisa-se pagar para jogar. Então procurei um pouco mais a fundo e descubro: Os brasileiros já crakearam o programa e já tem servidores e versões do jogo piratas sendo jogados por aí.

Em um fórum que visitei um comentário me fez ficar pensando. Alguém embasbacado perguntava: Eu sou o único aqui que joga o oficial? Ele era a exceção à regra. Ele, o honesto era o Pária...

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Daí divaguei um tantão sobre isso e fiquei pensando em pirataria, roubos de equipamentos eletrônicos e lembrei de um colega que esteve na Dinamarca a trabalho por seis meses e teve seu apartamento arrombado e furtado (porque não é só aqui que tem ladrão). Mas para sua surpresa, foram levados seus traveller checks, algumas roupas e só. Não levaram sua Televisão, nem seu CD player, nem seu PC. Quando comentou, curioso, essa peculiaridade com a polícia, se espantou com a resposta: Se o ladrão levasse isso, não teria para quem vender, ninguém aqui compra esses produtos roubados...

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Então me peguei comparando nossa noção de comunidade com a deles. Esse mesmo brasileiro estava se revezando no uso do carro para ir do hotel à empresa com um local que morava por perto. Um dia de cada. Num determinado dia muito frio (havia nevado á noite e as ruas estavam todas congeladas) eles foram mais cedo para a empresa e o habitante local estava guiando, ao chegarem ao estacionamento o cara parou o carro muito longe da porta da empresa.

O brasileiro perguntou o porque daquilo e o cara respondeu:

- Nós chegamos cedo, temos tempo para andar, quem chegar tarde vai precisar mais desse tempo entre o carro e o portão, com as ruas assim, as pessoas podem se atrasar no trajeto (ao levar seus filhos para a escola, por exemplo) e será bom para elas chegarem e encontrarem uma vaga próxima à entrada...

Por fim, eu que não sou santo nem nada, lembrei de meus jogos de PS2, meus jogos de PC e artefatos alternativos em geral e não pude evitar me sentir menor de alguma forma...

27.7.06

Só pra nao deixar passar em branco

Hoje faz 1 ano que estou enfiado nesse projeto no meio do nada do norte de Minas Gerais.

Faltam 36 dias pra eu voltar

Não sou de contar os ovos no cu da galinha, mas to sentindo um cheiro de TETRA no ar...

25.7.06

Criança é um bicho cruel

Adora ver o sofrimento de outras crianças, ou não se importa se os causa. Que para o outro dá quase na mesma.

Quando eu era uma criança pequena, em oposição à criança alta e gorda que virei agora, existiam umas brincadeiras baseadas na capacidade de impor dor ao adversário e resistir à dor por ele imposta.

Uma delas, e mais obvia, era a de alternar-se em socos ao ombro do adversário, até um deles arregar, que era a palavra para desistir / reconhecer a força superior / reconhecer a menor resistência à dor / se tornar alvo de gozação frente aos amiguinhos e, pior, às menininhas da escola.

Uma outra, consistia em posicionar suas mão com a palma para cima, manter os dedos indicador e médio esticados, dobrar os demais. Daí o adversário, com a mesma empunhadura, batia com seus dois dedos nos dois dedos que esperavam pelo golpe, daí alternava-se quem batia até um arregar e se submeter à vergonha publica.

O primeiro jogo eu pouco disputava, nem me lembro porque, acho que não era comum na minha escola ou bairro*, mas o segundo era minha desgraça, eu perdia pra todo mundo, colegas de escola ou meu primo que estudava na mesa classe.

Por isso, quando aprendi um terceiro e me tornei bom o bastante nele, passei a ser digno de algum respeito. Não era eu um loser total; eu tinha lá minha força / agilidade.

Porque esse jogo era aquele que um dos jogadores mantém suas mãos à frente com as palmas para cima e o outro posiciona suas mãos com as palmas para baixo sobre as do jogador.

Daí o jogo fica assim, quem está por baixo tem que tirar a mão de debaixo e bater na mão que esta em cima, podendo ser direita x direita, esquerda x esquerda, direita x esquerda, esquerda x direita ou as duas ao mesmo tempo.

A agilidade contava muito porque caso o jogador tentasse o golpe e errasse três vezes, as posições se invertiam e quem estava batendo passava a ter que se esquivar.

Nesse jogo eu fui capaz de romper as veias de uma das mãos de meu primo, que ostentou um hematoma por alguns dias que comprovavam minha vitória.

Mas são jogos baseados em teimosia, sadomasoquismo (entre leve e moderado [ainda que a única conotação sexual da época era mandar o amiguinho torcedor que te aporrinhava na derrota tomar no cu]) e crueldade.

As brigas de meninas usavam de artifícios similares, quando uma agarrava o cabelo da outra e ambas ficavam puxando e mandando a outra soltar, quem resistisse menos perdia.

As formas de prolongar esse tipo de embate eram fundamentadas essencialmente em teimosia. Mesmo doendo pacas, percebia-se que estava-se impondo dor e isso bastava, era só uma questão de esconder o sofrimento pra não dar satisfação ao adversário...

Criança é ou não é cruel?

Update:
* lembrei porque nos nao costumavamos jogar o do soco: Sempre um dos competidores apelava e baixava um pouco o soco, pegando no nervo do braço, coisa que doía pacas. Não era o lugar combinado mas nao dava pra punir o apelão que sempre alegava ter errado o soco

24.7.06

Tamanhos

Coisas grandes desaparecem; Construções, casas, Impérios que já ocuparam todo o mundo conhecido sumiram. Coisas que consideramos eternas, só o são frente à nossa limitada noção de tempo. Algo que dure 1.000 anos é eterno? E 10.000 anos?

Coisas pequenas também mudam, crescem, incham, multiplicam. Podem começar pequena e crescer rápida e violentamente ou devagarinho e comedidamente. Aqui também a noção de tempo nos faz perder suas semelhanças. Uma semente pode dar origem a uma floresta. 500 anos parecem suficientes pra isso? 1.000 anos? Um átomo pode dar origem á uma explosão nuclear de uma bomba. 500 milionésimos de segundo devem bastar pra isso acontecer.

Pra tudo que é pequeno crescer e tudo que é grande sumir, depende-se do meio. Se o meio apresenta condições de multiplicação. Esta ocorrerá se o meio for hostil ou se faltar o alimento, nada cresce. Se o meio escassear em nutritivos para sustentar algo, esse definhará e sumirá. Por isso surgiu o termo autosustentável: Um ambiente favorável a determinado tipo de crescimento que o sustenta ao passo que o que cresce repõe o que tirou do meio.

Acho que o mesmo acontece com relacionamentos. Se o ambiente é fértil em compreensão e entendimento, o amor e a harmonia florescem. Senão, o terreno torna-se fértil para a mágoa e a tristeza.

Não pode-se esperar que duas cabeças se entendam o tempo todo. Eu, particularmente não entendo nem a minha cabeça o tempo todo, que dirá uma outra. Por isso é de se esperar que surjam diferenças, não tê-las é que está errado.

Mas o ambiente ajuda em muito na escolha do que será cultivado. E aqui nessa estufa de Montes Claros, sob as agruras do isolamento que eu impus a nós dois, resta pouco sol pra surgirem flores. Espinhos e folhas grandes que fazem sombra e roubam o calor tem preferência. São mais acostumados com ambientes frios e isolados.

Num relacionamento autosustentável, o ambiente recheado de compreensão das diferenças de cada um, de harmonia e empatia, tolerância e uma certa dose de boa vontade faz crescer o amor e a cumplicidade, a alegria e o tesão, o calor e a ternura. Estes por sua vez, devolvem ao ambiente os nutrientes para compreensão e começa tudo de novo.

Eventualmente alguns deles podem começar a crescer demais, mas o ambiente talhará automaticamente esse crescimento, impondo limites e devolvendo todos ao nível adequado, ou crescerá junto, caso ainda exista potencial para tanto.

O problema é que essa analogia também serve pras coisas ruins do ambiente. Pragas e predadores são necessários para a autosustentabilidade, resta aí um pouco de timão para não deixar a floresta virar uma floresta negra e fria.

A metáfora pode ser ampliada inútil e indefinidamente, e é difícil demais manter a coerência depois algum tempo.

As coisas têm a importância que damos a elas, eu já disse e repito.

Ao mesmo tempo que esse nosso test drive ajudou a ver que conseguimos nos suportar, serviu também pra ver que muito tempo sem amigos e família, válvula de escape natural, é tempo demais.

Esse texto está indo ao ar sem revisões, qualquer incongruência é culpa do calor que sinto nas orelhas.

21.7.06

Oportunidades

A arte da fotografia é a arte de imortalizar o momento. Aquele sentimento fugidio, efêmero, frágil.
Por isso fotografias merecem uma observação atenta. E um pensamento me ocorre ao ver algumas fotos por aí: O que diabos esse cara tava fazendo com uma câmera aí bem nessa hora?

Como as fotos de correspondentes de guerra, ou aquela foto que seu amigo tirou no churrasco, na hora que todo mundo já tava bebadasso, do churrasqueiro vomitando na pia. Ou do casalzinho que ta tão maluco que perdeu a inibição e esquenta nos amassos dentro da piscina.

Eu mesmo tenho uma foto de um amigo chapado, sentado largado no chão, com o jato de gorfo no ar. Não lembro quem tirou a foto. Um artista.

Comprei no final do ano passado uma câmera digital, as limitações financeiras de ter que revelar uma foto ou de descobrir depois de um filme inteiro que instalou errado o filme e perdou todas aquelas poses já não são mais desculpas. Eu deveria ter muito mais fotos das coisas que acontecem e merecem registro, não tenho. Nunca tive o habito de fotografar. Gosto de ver fotos de coisas que fiz ou lugares que visitei, mas nunca lembro de levar a porra da máquina.

Agora mesmo, antes de começar a escrever esse post, estive com a história na minha frente e nada para registra-la.

Fiquei frustrado por não poder mostrar, num futuro qualquer, uma amostra daquela obra que me deu tanto orgulho ao vê-la pronta.

Vocês deviam ter visto o tamanho do cocô que larguei na privada agora. To me sentindo até meio oco....

20.7.06

As coisas têm a importância que se dá pra elas

E como cada pessoa se importa com coisas diferentes na vida, coisas que pra uns são questão de vida e morte, pra outros são dignas de desprezo (e por conseqüência assombro ao ver que tem gente ligando pra algo tão ridículo).

Exemplos disso são as manifestações de repúdio às tais charges profanas daquele jornal da Dinamarca. Acho que nem todos os muçulmanos ficaram ofendidos, mas para muitos foi motivo de juras de morte.

Ou a briga de mais de 2000 anos entre "brimos" naquela terra seca. Pra quem ta aqui, tem cara de dor de corno genética (o antepassado de um deve ter comido a mulé do antepassado do outro e por isso se odeiam até hoje. Sei lá, algum Mohamed bíblico comeu a Sara de algum Isaac...) Daí chamam aquele deserto de terra santa e todo mundo quer ficar lá.

Pra outros é de importância fundamental construir uma carreira de sucesso e crescer profissionalmente e coisa e tal, enquanto outros preferem vender artesanato na pracinha e ter algo pra comer no final do dia.

Continuando os exemplos: pra quem valoriza o diálogo, o silencio pode ser uma forma de agressão ou de falta de interesse. Pra quem da valor ao ócio, atividades físicas são tão maçantes quanto este post.

Enfim, tudo isso porque só o povo mineiro - e carioca - pra dar importância pra final da Copa do Brasil, só com times cariocas, que só foi disputada por timecos que não se habilitaram pra jogar a Libertadores.

Enquanto o tricolaço tava jogando o jogo do ano pelo torneio que realmente tinha alguma relevância ontem. E eu acompanhando pelo rádio...

UPDATE

Novos links ai do lado

18.7.06

Hoje eu num tô bom!

12.7.06

Coisas que me irritam profundamente

Eu ia fazer desse post uma lista, do tipo Top "algum numero" coisas que me irritam, mas boa parte deles precisa ser detalhada, porque eu quero.
Trabalho como consultor de engenharia numa empresa européia e me irrita profundamente a postura dos chefes europeus (e de alguns brasileiros também) com relação às opiniões que temos. Alguém pede pra executar um teste. Com base nos resultados eu preparo um laudo procurando embasar no máximo de dados e conclusões físicas, químicas ou o raio que o parta. Os que pedem o teste não entendem porra nenhuma do que estão pedindo, então não confiam no resultado, então mandam para os especialistas na Europa. Os gênios analisam o trabalho do macaco da Bananalândia e chegam à exata mesma conclusão que eu. Daí todo mundo aceita. Se isso acontece uma vez, beleza; estão confirmando a confiabilidade do macaco da bananalândia, mas depois de um ano coma uma média de mais de uma conclusão tendo que ser verificada por experts e invariavelmente me dando razão por mês, começa a irritar.

A hipocrisia da sociedade também é foda. Todo mundo reclama da corrupção dos políticos, mesmo ninguém se lembre em quem votou pra porra nenhuma. Mesmo sendo esses porras nenhumas os caras que apresentam projetos de lei a torto e a direito. Daí todo mundo reclama da corrupção, mas na primeira oportunidade de ser corrompido ou de corromper ta lá. Comprando pirataria, dando café pra guarda ou dando jeitinho na declaração de imposto de renda.

Boa parte da sociedade acha que bandido bom é bandido morto, mas fica aquele papinho de melhorar a condição carcerária do país, só porque é bonito dizer isso e é feio dizer que espera que a polícia mate o bandido que colocou fogo no banco ou no ônibus.

E essa tendência insuportável de tudo virar politicamente correto. Isso me irrita pra caralho! Cego virou deficiente visual, pobre, rico, branco, preto, lésbica, viado, retardado, manquetola, maneta, perneta, surdo, mudo, gago, fanho... pra tudo tem que se procurar uma maneira maqueada e o mais não ofensiva possível. Hipocrisia também, porque ninguém fala assim quando tem liberdade de falar, seja na intimidade ou num momento de desabafo.

E para encerrar o post, porque tem mito mais coisas que teriam espaço aqui, tais como o Galvão Bueno ou a novela das oito - seja ela qual for, me irrita essa coisa de que tudo tem bactéria.

Caralho, claro que tudo tem bactéria!

Mas insistem, só pra vender mais e as donas de casa verem casas brilhando na teve e quererem uma casa brilhando tembém, inventam os mais diversos produtos anti bactérias, tentando tornar o ambiente de seus filhos o mais assépticos possível. Esteriliza a criança logo. Mas não, ficam com sabonete anti bactérias, desinfetante pra chão, parede, teto, pia, torneira, meia e palmilha... Moleque não nada descalço no chão sujo. Deixa sujar, deixa ter febre de vez em quando de tanto rolar na lama. É bom. Deixa comer terra com cocô de cachorro pra ver se é, sei lá, amargo, doce ou azedo. O corpo precisa de incentivo pra criar anti corpos e se manter saudável. Me irrita profundamente ver aquela propaganda do sabonete que deixa uma camada protetora ao redor do fedelho. Sifudê.

E chega disso que já to ficando puto. PUTO, não enfezado porque isso é viadagem politicamente correta do retardado do Galvão Bueno.

1.7.06

Indiferença

Agora será preciso achar um culpado.

Já não podemos mais culpar O "Femômeno", ele fez sua parte em outros jogos. Cumpriu o que podia se esperar dele.
Não podemos culpar nossa zaga; Lúcio e Juan deram segurança a Dida, que é um bom jogador, embora não me inspire confiança.
Os laterais estiveram lastimáveis, Roberto Carlos devia estar na área na hora do gol francês, estava arrumando suas meias enquanto Henry carimbava o gol brasileiro. Cafu devia se aposentar, como está fazendo Zidane, enquanto sua condição de jogo era razoável - como na final da ultima copa.
Não acho justo culpar Kaká, que me parece ter sido escalado no sacrificio, nem Gilberto Silva ou Juninho que entraram e sairam perdidos de campo.

Se fosse para fomentar o ódio, culparia Zidane, que jogou muito; fez e desfez de nossos jogadores, incluindo aí o belo chapéu em Ronaldo.

Prefiro culpar o Pé de Uva.

É, o Kiko.

Um time tem a cara de seu técnico. E a cara do Pé de Uva durante o massacre em que a seleção favorita foi tomada era de apatia. De indiferença.

Robinho e Cicinho entraram no desespero, mais como um álibi do que como opção tática. Um pretexto para falar em suas entrevistas: "Fiz o que pude". Não fez. Não fez daquele punhado de estrelas um time, como fez Scollari em 2002.

O que vi: um time apático que, no jargão do futebol, se esconderam do jogo, nao paraceiam para jogar e se "escondiam" atras dos marcadores.

Mérito para a França, que entrou em campo com atitude de batalhadora e mereceu sua classificação.

Bom para a humildade do futebol brasileiro, já que não fomos mais longe do que "Nuestros Hermanos".

Bom para o Brasil, já que agora assuntos de maior importância voltarão a ter a atenção merecida, tais como os escândalos de corrupção e as eleições do fim do ano.

Se com o Hexa, a reeleição teria maior chance de acontecer, torçamos agora para isso também mudar.