Uma Casa Séria

24.7.06

Tamanhos

Coisas grandes desaparecem; Construções, casas, Impérios que já ocuparam todo o mundo conhecido sumiram. Coisas que consideramos eternas, só o são frente à nossa limitada noção de tempo. Algo que dure 1.000 anos é eterno? E 10.000 anos?

Coisas pequenas também mudam, crescem, incham, multiplicam. Podem começar pequena e crescer rápida e violentamente ou devagarinho e comedidamente. Aqui também a noção de tempo nos faz perder suas semelhanças. Uma semente pode dar origem a uma floresta. 500 anos parecem suficientes pra isso? 1.000 anos? Um átomo pode dar origem á uma explosão nuclear de uma bomba. 500 milionésimos de segundo devem bastar pra isso acontecer.

Pra tudo que é pequeno crescer e tudo que é grande sumir, depende-se do meio. Se o meio apresenta condições de multiplicação. Esta ocorrerá se o meio for hostil ou se faltar o alimento, nada cresce. Se o meio escassear em nutritivos para sustentar algo, esse definhará e sumirá. Por isso surgiu o termo autosustentável: Um ambiente favorável a determinado tipo de crescimento que o sustenta ao passo que o que cresce repõe o que tirou do meio.

Acho que o mesmo acontece com relacionamentos. Se o ambiente é fértil em compreensão e entendimento, o amor e a harmonia florescem. Senão, o terreno torna-se fértil para a mágoa e a tristeza.

Não pode-se esperar que duas cabeças se entendam o tempo todo. Eu, particularmente não entendo nem a minha cabeça o tempo todo, que dirá uma outra. Por isso é de se esperar que surjam diferenças, não tê-las é que está errado.

Mas o ambiente ajuda em muito na escolha do que será cultivado. E aqui nessa estufa de Montes Claros, sob as agruras do isolamento que eu impus a nós dois, resta pouco sol pra surgirem flores. Espinhos e folhas grandes que fazem sombra e roubam o calor tem preferência. São mais acostumados com ambientes frios e isolados.

Num relacionamento autosustentável, o ambiente recheado de compreensão das diferenças de cada um, de harmonia e empatia, tolerância e uma certa dose de boa vontade faz crescer o amor e a cumplicidade, a alegria e o tesão, o calor e a ternura. Estes por sua vez, devolvem ao ambiente os nutrientes para compreensão e começa tudo de novo.

Eventualmente alguns deles podem começar a crescer demais, mas o ambiente talhará automaticamente esse crescimento, impondo limites e devolvendo todos ao nível adequado, ou crescerá junto, caso ainda exista potencial para tanto.

O problema é que essa analogia também serve pras coisas ruins do ambiente. Pragas e predadores são necessários para a autosustentabilidade, resta aí um pouco de timão para não deixar a floresta virar uma floresta negra e fria.

A metáfora pode ser ampliada inútil e indefinidamente, e é difícil demais manter a coerência depois algum tempo.

As coisas têm a importância que damos a elas, eu já disse e repito.

Ao mesmo tempo que esse nosso test drive ajudou a ver que conseguimos nos suportar, serviu também pra ver que muito tempo sem amigos e família, válvula de escape natural, é tempo demais.

Esse texto está indo ao ar sem revisões, qualquer incongruência é culpa do calor que sinto nas orelhas.

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