Enfim, Defendo a existência dos partidos políticos, do PSDB
ao PC do B, embora eu nunca tenha votado nele e nunca vá votar, defendo a existência
de todos os partidos. Com a mesma convicção com que defendi que as manifestações
de junho ultimo foram apartidárias e que , tendo um pouco de vergonha na cara –
artigo cada vez mais raro junto aos partidos – nenhum partido deveria levantar
sua bandeira no meio daquela multidão.
Os partidos deveriam ser as casas dos grandes debates da
sociedade, leito das visões do futuro e de lá sairiam as fileiras que exporiam
a visão do partido para apreciação da sociedade. Dai, sim, teríamos uma
eleição, não para colocar algum agrupamento de interesses feudais em condições extraordinárias
de luxo e poder, mas grupos de pessoas com suas visões para serem confrontadas
com as outras visões para que fossem consolidadas nas leis da nação.
É triste ver o que se tornaram legendas históricas como o
PTB e o PMDB.
O que vejo é um apequenamento dos partidos, que não servem
mais para unir pontos de vista, ideologias, formas de sonhar e desenhar a
sociedade. Salvo partidos de extrema – e no Brasil só temos extrema esquerda –
o que temos são agrupamentos do Centrão de interesses mesquinhos e pequenos. Interesses
de fortuna e poder, de vantagens e regalias. Qual foi o ultimo estadista que
tivemos no país? Juscelino?, Tancredo? Getulio? Tivemos uma sucessão de políticos
pequenos, tivemos uma sucessão de eleições onde se escolhia o menos pior. E dentre
os congressistas; qual foi o ultimo grande legislador? Algum nome lhe vem a
mente?
No espasmo social que o Gigante deu em junho, vários militantes
dos partidos correram para a rua para levantar suas bandeiras. Fui e sou contra
por dois motivos: Por mais que os temas sejam os mesmos, aquele monte de gente não
estava na rua apoiando os partidos cujas bandeiras se desfraldavam sobre suas cabeças
e essa imagem da bandeira em meio àquela multidão é uma propaganda eleitoral
forte demais para marqueteiro deixar de fora da propaganda eleitoral. A multidão
não foi pra rua atendendo ao chamado dos partidos, foi o contrario; Como os
partidos tiveram que sair de casa para reagir ao povo, deveriam eles, os
militantes, se despir do uniforme do partido e entender que eram parte do povo
ao sair pra rua. Essa inversão parece sutil, mas acho que diz muito.
Mas o espasmo veio e se foi, o Gigante não acordou, nem
virou de lado. Nem uma câimbra em meio ao seu sono em berço esplendido. Depois de
várias ações táticas diversionistas (plebiscito, reforma politica para o próximo
período eleitoral, mais médicos, agora mais engenheiros), tudo voltou ao que
era. Os movimentos careciam de uma liderança inspirada. De objetivos atingíveis,
de algo palpável em que se firmar. Disparou pra muitos lados, PEC37!? Impeachment!?
Reforma eleitoral!? Reforma tributária!? Cura gay!? Tudo e nada? E a falta de
foco dispersou a multidão, mesmo porque não se tinha uniformidade nas querências.
O que unia todos era a insatisfação com o que temos ai.
Pelo menos pra mim, ao ver o quadro geral da sociedade
brasileira, me vejo como numa loja. Uma loja de , digamos roupas onde nada me
agrada. Ou a moda não é a minha moda ou a qualidade não é a que eu espero,
atendimento não é satisfatório, preço não atrativo... É como uma loja da C&A.
Sabe qual é a diferença? Eu posso escolher não entrar na
C&A.