Uma Casa Séria

12.3.04

Nostalgia again

Estávamos na praia do Gonzaga nos idos de 1999 eu e o Serginho que é um amigo meu que você não conhece, não.

Passamos perto do local onde estava instalado um guindaste preparado para a prática de Bungee Jump. Olhei pro lado e os olhos do Serginho brilhavam que nem de criança na vitrine da loja de doces.

- Está a fim?, perguntei.
- To sem grana.
- Eu pago e depois a gente acerta, blz?
- Legal!

Paguei, precisamos preencher um papel dizendo que não tinhamos problemas de saúde que pudessem comprometer nossa integridade durante o salto e fomos para a instalação dos equipamentos.

Algemado pelos tornezelos e com uma cinta que prendia a cintura e as pernas, fui acorrentado a um elástico gigante e conduzido para a gondola do guindaste. Sentei num banquinho e o bagulho começou a subir, no caminho o cara começa:
- Já saltou?
- Não.
- Esporte 100% seguro, nós estamos fazendo saltos bonitos hoje.
- Ahã.
- É muito simples, voce vai andando devagar até a prancha de salto ? um avançado no piso da gondola projetado pra fora da grade ? segurando na grade até ficar com meio pé pra fora ? cuidado com a hora que o nó do elástico cair, vai dar um tranco no tornozelo, beleza?
- Ahã.
- Então eu vou segurar sua cinta, peguntar se está tudo ok, daí voce solta a grade e eu te solto, não segura em nada até parar de balançar, firmeza
- Ahã ? com os ouvidos semi tapados pela corrente sanguinea que bombeava forte, tamanha adrenalina.

Com os procedimento seguidos, me vi, com meio pé pra fora da prancha, segurando na grade e o cara segurando no cinto e falando:
- Beleza? Solta a grade!
- Nem fudendo ? olhando para baixo e vendo o colchão de ar de proteção lá embaixo. Tão pequeno que uma brisa seria capaz de me desviar e me esborrachar no chao.
- Não tem erro!
Daí eu parei e pensei, já tô aqui, tá tudo preparado. Olhei pra frente e vi o mar, respirei fundo, soltei a grade e gritei:
- Foda-se!
- Foda-se você ? ouvi o cara gritar enquanto me soltava.


Foi a maior adrenalina da minha vida, perdi a noção do céu e chão, subindo ou descendo, voando ou morrendo.

Cheguei no chao sem sentir nada além do coração explodindo e o corpo tremendo. Nem vi o salto do Serginho.

Estou me sentindo na prancha ultimamente, preciso só respirar fundo, olhar ao longe e soltar a grade...

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