Uma Casa Séria

20.1.04

Sou um cético. Sempre me considerei um cara extremamente racional, sempre procurei explicações pra tudo nessa vida. Raramente me contento com explicações vagas e sem embasamento, aquelas coisas do porque sim.

Essa minha tendência a procurar explicações é benéfica e maléfica ao mesmo tempo. Por um lado, melhora minha capacidade analítica, o que me faz um profissional melhor na minha área de atuação, por outro, torna difícil aceitar algumas coisas cuja explicação não é tão fácil de se conseguir.

Por isso que eu não fiz primeira comunhão, por isso que eu não freqüento igreja, por isso que eu evito discutir religião, por isso que eu não acredito nassa coisa de karma e destino.

Sei também que não sou capaz de entender tudo, na verdade, bem pouco – cá entre nós. Até uma ou duas matérias de engenharia eu fui aprovado sem entender bulhufas e uma em especial, eu só passei quando desisti de entender. Ainda sim, permaneço um cético

Mas as vezes minha convicção em não ter convicção cega em nada fraqueja. Alguns eventos grandes demais para serem analisados e compreendidos, as vezes me atacam, me derrubam, chutam minhas costelas e, quando estou sem ar, procurando apoio pra tentar voltar a ficar de pé, sussurram no meu ouvido: Analyse this!

Quem me conhece pessoalmente sabe de uma passagem que me derrubou e que me deixou em recuperação por alguns anos. Pra quem não me conhece, basta dizer que alguém que eu amei muito se foi em definitivo num momento em que eu ainda tinha muito a lhe dizer.

Nesse tempo que eu convalescia, ainda tentei trazer pra termos compreensíveis o que havia acontecido e porque se deu da forma como aconteceu. Milhares de E se..´s passavam pela minha cabeça e eu não me conformava. Eu só aceitei e voltei a viver quando simplesmente dei de ombros e concluí: É grande demais.

Assim, vi que algumas coisas parecem estar fadadas a acontecerem. Minha faceta cética insiste em gritar que são coincidências, fatalidades e obras do acaso. Mas quando eu realmente paro para pensar, somente posso concluir que existe algo que conspira e trama. Que tece e fia nossos caminhos. Daí os grito ficam roucos e encolhem a sussurros.

Então, quando, depois de quase 10 anos da primeira vez que nos vimos e depois de mais de cinco anos da última vez que estivemos juntos, volto a encontrar uma antiga paixão.

Depois de descobrir que estávamos ambos num momento de transição e de definições, e ver nos olhos dela que aquela chama que uma vez esteve lá - e eu estava míope pra perceber - ainda queimava e que aquele calor que eu sentia quando estava com ela de verdade voltou a me tomar, voltei a fraquejar e pensar:

Será o Destino?

Começo a pensar que as coisas acontecem assim:

- Temos a liberdade de decidir o que será de nossos dias e de escolher o que faremos a cada momento, o tal do livre arbítrio, mas

- Para as coisas realmente grandes como a vida, o amor e a morte, que são o que realmente importam e que impactam de verdade no resultado final de cada vida, não importa o que façamos, as coisas acontecem da forma como deveriam, da forma como foi escrito.

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