Uma Casa Séria

2.6.08

Acordou de um sono perturbado, meio enjoado, zonzo e deslocado. Seu corpo doía de uma forma que nunca havia doído antes. Doía nos ossos, doía nos musculos, doía na pele.

Tentou se levantar mas não tinha forças, seu corpo parecia mais pesado do que se lembrava.

Sua visão de onde estava era de um teto com telhas aparentes, telhas de barro, com armação de madeira, parecia velho. Algumas teias de aranha nos cantos mais altos e o aspecto das vigas de madeira denunciavam o descuido do dono do lugar.

Estava numa cama, o colchão era fino o bastante para que sentisse as ripas do estrado contra seu corpo.

Um cheiro de comida vinha de algum comodo fora do quarto mal iluminado em que estava.
Mas um esforço para se levantar e nenhum sucesso, começa a se desesperar:

- Alô? Alguém aí?
- . . .
- Alôôô?

Passos sobre um piso de madeira. Se aproximando. Um velhinho curvado e magro aparece ao lado da cama:

- Ah, acordado. Que bom. Estávamos preocupados. Voce dormiu por vários dias.
- Onde estou?
- Está em nosso vilarejo. Em Goiabal.
- Goiabal? Isso é perto da Dutra?
- Dutra? Sim, fica próximo, encontramos voce proximo a um carro em chamas e o trouxemos para casa para auxilia-lo.
- Me trouxeram? Mas e minha mulher? Ela estava dirigindo!
- Sinto muito, não havia mais ninguem lá, nós procuramos.
- Nem mesmo dentro do carro?
- Como eu disse, estava em chamas, mas não parecia haver mais ninguem lá.

Sua perna direita coçava. Se mexeu para coçar e haviam faixas cobrindo sua coxa. O velhinho ainda falava

- Voce estava sangrando muito, nós cuidamos de voce, mas infelizmente não pudemos fazer nada por sua perna.

O velhinho disse isso no exato momento que ele tateou e percebeu que a atadura terminava um pouco abaixo no inicio do fêmur.

Continua...

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