Uma Casa Séria

3.6.08

Capítulo 2

- Ah meu Deus!!! Meu Deus!!! Minha perna!!! O que houve com minha perna!? Meu Deus!!!
- Acalme-se…
- Acalmar, como acalmar? Estou sem minha perna!!! Minha perna!!!
- Não tinhamos escolha, se não cortássemos sua perna fora, voce estaria morto.
- Co-Como assim?
- Não sabemos bem, mas quando o encontramos, vc tinha fratura exposta no osso da coxa e muito sangramento. Nós o trouxemos pra cá e meu irmão, que sabe dessas coisas tentou consertar, mas a infecção nao diminuiu, voce ardia em febre, então ele cortou fora e então você sarou.
- Seu irmão?
Foi então que o outro velhinho apareceu. Era indiscutível que fossem irmãos, tamanha a semelhança. A única diferença eram os cabelos, ao passo que José – esse era o nome do primeiro velhinho – tinha os cabelos totalmente brancos, João – esse era o segundo – era careca da testa à nuca.

Até mesmo o encurvado das costas ao andar dos dois era identico. Ao lado de João, vinha um cão marrom, pelo médio, sarnento, magro e também velho, que andava com os dentes à mostra, como se estivesse rosnando.
- O que houve com a minha perna? Como voce a cortou?
- Acalme-se, jovem, explicarei agora, mas voce deve se acalmar, voce estava muito fraco, perdeu muito sangue e a infecção tomou muito de sua força.
- . . .
- Tentamos o que foi possível para salvar sua perna, mas o estado em que o encontramos era grave, tivemos que agir sem demora.
Mais uma vez tentou se levantar para ver melhor o que estava acontecendo e desta vez consegui se sentar. O cachorro começou a rosnar e avançar ameaçadoramente em sua direção.
- Quieto!
Esse era José.
E o cão parou, embora seus olhos cheios de ódio ainda se mantivessem vidrados nele.
Conseguiu então ter uma visão melhor do queadro geral; Ele estava realmente magro, quantos dias teriam se passado? O que aconteceu? Onde estaria Sarah? A cama era muito velha. No comodo em que estava havia somente a cama, uma janela alta e a porta por onde todos entraram. A iluminação era precária. Pelas frestas nas telhas era possivel dizer que era dia, mas somente isso. O lençol da cama, outrora branco, era velho e amarelado. Ele ainda vestia a mesma camiseta preta que estava no dia da viagem, e a mesma calça jeans, embora cortada na altura dos bolsos na perna direita.
Fez menção de se levantar, mas foi impedido por José.
- Voce ainda está fraco, descanse.
- Mas preciso entrar em contato com alguém, preciso de um telefone.
- Amanhã o levaremos até a cidade e isso poderá ser resolvido. Por hora, descanse, ja lhe traremos uma sopa.
Ele estava realmente fraco, desistindo de argumentar, deitou-se novamente e ouviu todos se retirarem.
Dormiu, seu sono foi perturbado, havia dor, gritos e imagens disformes, como índios dançando ao redor da fogueira.
Passado algum tempo, João retorna com uma tigela fumegante, então o cheiro de canja de galinha o atingiu e ele se lembrou que nao comia a tempos e que uma sopa seria em vinda. Tomou a sopa e uma sensação de calor reconfortante o embalou.
Aninhou-se de lado para dormir e ouviu o velho sair e fechar a porta.
E foi então, ao se mexer que fez a cama balançar e ouviu um som metálico, olhou para a lateral da cama e viu uma corrente presa à armaçao da cama com um tipo de grilhão com cadeado.
Nesse momento ouviu a voz do velhinho, nao sabia dizer qual, às suas costas:
- Eu achava que teríamos mais uma noite antes da corrente ser necessária.
Uma pancada na cabeça e tudo ficou escuro novamente.

Continua

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