Uma Casa Séria

4.6.08

Quase no fim

Quando acordou, tinha a impressão de ter ouvido a voz de Sarah, sua esposa, chamando pelo seu nome, mas não sabia se era sonho ou realidade.

Pensou nela e em se ela estava procurando por ele, mas não sabia nem ao menos se ela estava bem. “carro em chamas” pensou, sentiu medo por ela.

Sua perna direita doeu, parecia que seu joelho estava torcido, se mexeu para fazê-lo parar de doer e percebeu que seus movimentos estava limitados por uma corrente que prendia seu braço à armação da cama e que sua perna direita não estava lá.

Estava escuro, ao olhar para cima, deduziu que era noite, pois não havia luz por entre as telhas.

O cheiro de comida ainda estava presente. Percebeu que essa era uma constante desde que acordou naquela cama.

Ficou lá, com medo e ansiedade enquanto o dia nascia. Ao mesmo tempo em que aguardava o momento em que um dos velhinhos viria e ele poderia tentar arrancar alguma informação, temia o que poderia descobrir.

E foi isso o que aconteceu, com o dia claro, passos sobre o piso de madeira denunciavam que alguem se aproximava.

Era o velho careca, qual era mesmo o nome dele? José ou João, não se lembrava mais.

Ele trazia uma caixa de madeira com uma alça, como uma maleta de ferramentas.

- Já acordado? Bem, não faz diferença.
- Por favor… O que está acon
- Calaboca!
- ...
- Se conseguissemos te manter calmo por mais tempo voce viveria mais, mas o medo não é bom para nós – e olhando com curiosidade para mim – estraga a carne!
- Como assim?
- Nosso prato da casa leva um tempero especial que o faz muito popular entre os caminhoneiros da Dutra, mas ja percebemos que quando voces sentem medo o sabor estraga. Por isso pra voce acaba hoje.
- Como?
- Nós o mantivemos vivo porque quanto mais fresca a carne, melhor o resultado do prato, sua perna rendeu quase uma semana! A outra perna deve dar até o fim do mês.

Dito isso, retirou um facão da maleta e veio em direção à cama.

- Por favor, e minha esposa?
- José está com ela agora. Velho indecente. Disse que ela é muito magra, porém bela. Arrumou outro uso para ela. Quando ele se cansar dela, ela servirá de alimento para o cão.

João então agarrou seu pulso que estava solto, puxou de forma que a corrente do outro braço se esticasse e segurasse seus braços abertos. Fraco como estava, nao conseguiu reagir.

O facão desceu rápido em seu pescoço, praticamente o decapitando.

Conclui.

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