Uma Casa Séria

8.5.06

Indignação

Faço parte de um povo apático. Um povo sem consciência civil, política ou qualquer outro tipo de consciência.
Faço parte de um povo que não se indigna com os desfavores que seus representantes prestam a cada dia, em cadeia nacional de radio, jornal e televisão.
Ou, quando se indigna, se limita a escrever para um meio de comunicação expressando seu desagravo. Ou pior, publica tal desagravo em alguma página obscura da Internet.
Por fazer parte deste povo arrebanhado e acostumado com o cativeiro, me porto da mesma forma. Minhas entranhas ardem de revolta com cada nova desgraça que vem à tona. Me pego sofrendo, quieto, ou dividindo minha indignação com colegas de condição social similar à minha.
Me pego imaginando o surgimento de um líder que pregasse a derrubada de todos estes erros e um recomeço mais decente. Me imagino, por vezes, encarnando esse líder, mas sempre percebo que me falta o carisma, a eloqüência e alguns outros atributos que se espera de tal líder.
Que adianta querer liderar se ninguém seguir?

Fico aqui, anotando nossos poderes, podres:

Temos um ícone do anti trabalho no posto maior da nação, incapaz de lidar sequer com outros representantes menores da esquerda na américa do sul. Que deixou sua inépcia afetar a soberania da nação. Que foi incapaz de usar sua popularidade para realmente fazer algo pelo país. Esteve mais preocupado em trabalhar os bastidores no projeto de manter o PT no governo por muitos anos, mantendo agora a postura de ignorante.

Temos corruptos, corruptores e corruptíveis em todos os níveis do legislativo. Que trabalham em causa própria sempre, pouco se importando com aqueles a quem deveriam representar. Envolvidos em escândalos seguidos e acobertados por eles mesmos, no melhor exemplo simbiose, mantendo a teta do próximo em favor da própria.

O jurídico é uma lamentável. Considera-se acima do bem e do mal, distorcendo a letra da lei às conveniências do poder financeiro, de forma tal que assassinos condenados podem recorrer da sentença em liberdade enquanto outros tantos permanecem presos aguardando o primeiro julgamento de seus crimes. poderosos obtem medidas cautelares em questão de horas, enquanto eu luto a oito meses para remover meu nome incluído indevidamente no SERASA. Aguardo a 4 anos pelos direitos trabalhistas que a empresa onde trabalhei negou-se a me pagar. Privilegiam, entretanto, parentes e amigos com afinco. Fazem greve, escudados pela estabilidade de emprego garantida aos servidores publicos enquanto a burocracia e a ineficácia de serviços pagos pelo povo e para o povo se avolumam

E em meio a tudo isso vemos a multidão desafiar a policia. Não por indignação frente ás injustiças ou em favor da moralização da vida publica, mas por causa de jogos de futebol. Um exemplo claro da diferença de um povo politizado como o da França. Era um boa medida a do primeiro emprego, mas o povo era contra, mostrou-se contra e mantiveram-se na ruas protestando até que a posição do governo mudasse.

Aqui?

Basta vir o hexa e o ano terá sido bom. a não ser que seu time seja rebaixado no campeonato brasileiro.

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