Essa eu desenterrei.
Num carnaval muito distante – 98 ou 99 – Eu fui pra Praia Grande com o Gordo, o Preto e o Nariga, ficamos na casa do Gordo, que fica perto do Caiçara (que é um bairro da Praia Grande).
Numa das tardes, enchemos o porta-malas do santana do Preto de cerveja e gelo, entramos no carro com uma garrafa de whisky e fomos pro calçadão na beira da praia.
¾ da garrafa e muitas cervejas depois, resolvemos dar um rolê de carro pra cantar umas gatinhas... Eu enfiei meu sombreiro mexicano legítimo na cabeça e sentei na tampa do porta-malas, virado para trás, equipado com minha latinha de cerveja em uma mão e um cigarro na outra. De bermuda suja, chinelos havaianas, sem camisa e gritando Arribaaaa!!! Pra qualquer um que visse. Uma cena grotesca.
Mesmo bastante devagar com o carro, ultrapassamos um carinha que passeava de bicicleta, eu, numa imitação porca de Ligeirinho:
- Anda-lhe, anda-lhe!!! Arribaaaaaaa!!!
- Arriba a polícia aí na frente.
Meu sangue gelou, trinta segundos depois pensei:
Fodeu!
O carro parou, o policial veio até meu raio de visão e disse:
- Vai ficar sentado aí mesmo?
Desci do carro e fiquei vendo o desenrolar da história com cara de interessado, embora não entendesse quase nada.
Entendi que o policial pediu os documentos do condutor e do carro. O Preto entrou no carro, ficou fuçando por alguns segundos e saiu com cara de bosta. Tinha esquecido os documentos em casa.
O policial ouviu a comovente história e disse:
- Guincharei o carro se os documentos não estiverem aqui em 5 minutos!
- Mas ...
- 4 e meio!
Saí correndo, repentinamente totalmente sóbrio - de sombreiro, em direção à casa do Gordo, que estava longe pacas.
Quando cruzava a segunda esquina, um carinha de moto parou e mandou subir na garupa que viu o rolo e daria carona. Nem pensei. Subi e ele saiu correndo com a moto. Como estávamos longe da casa!
Entrei na casa explicando a história enquanto vasculhava as coisas do Preto procurando sua carteira. Nem sinal. Joguei todas as coisas dele e do Nariga no chão e nem sinal da carteira. Daí as minhas coisas, as do Gordo. Pânico.
A mãe do Gordo comentou que havia uma carteira na sala. Vasculhei a sala e nada, a cozinha. Desisti.
Voltei a sala – jamais entenderei porque – resolvi olhar atrás da televisão. Lá estava a carteira do Preto.
Peguei outro carro, o do Gordo e sai em disparada de volta. Sem documentos, que nem procurei. Parei o carro duas quadras antes do comando policial e sai correndo. Quando cheguei conseguimos convencer o guarda a nos liberar.
Só saímos sem nenhuma multa porque um outro carro havia sido parado e o motorista – esse sim completamente embriagado, gritava coisas do tipo: Vocês sabem com quem estão falando?!
Voltamos quietinhos de volta e, como rapazes corretos, terminamos a segunda caixa de cerveja e o quarto de whisky... na frente da casa.
Uma Casa Séria
23.3.04
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