Uma Casa Séria

13.8.13

Em Defesa dos partidos políticos e outras coisas

Disclaimer: Votei nulo para todos os cargos nas ultimas duas ou três eleições. Nulo porque não enxerguei em nenhum candidato a cargos políticos alguém que me representasse. Nulo porque não concordo com a bagunça que é o processo eleitoral para o legislativo (incluindo aqui as coligações partidárias, os tais resíduos eleitorais e a aberração que é o suplente de senador).

Enfim, Defendo a existência dos partidos políticos, do PSDB ao PC do B, embora eu nunca tenha votado nele e nunca vá votar, defendo a existência de todos os partidos. Com a mesma convicção com que defendi que as manifestações de junho ultimo foram apartidárias e que , tendo um pouco de vergonha na cara – artigo cada vez mais raro junto aos partidos – nenhum partido deveria levantar sua bandeira no meio daquela multidão.

Os partidos deveriam ser as casas dos grandes debates da sociedade, leito das visões do futuro e de lá sairiam as fileiras que exporiam a visão do partido para apreciação da sociedade. Dai, sim, teríamos uma eleição, não para colocar algum agrupamento de interesses feudais em condições extraordinárias de luxo e poder, mas grupos de pessoas com suas visões para serem confrontadas com as outras visões para que fossem consolidadas nas leis da nação.

É triste ver o que se tornaram legendas históricas como o PTB e o PMDB.

O que vejo é um apequenamento dos partidos, que não servem mais para unir pontos de vista, ideologias, formas de sonhar e desenhar a sociedade. Salvo partidos de extrema – e no Brasil só temos extrema esquerda – o que temos são agrupamentos do Centrão de interesses mesquinhos e pequenos. Interesses de fortuna e poder, de vantagens e regalias. Qual foi o ultimo estadista que tivemos no país? Juscelino?, Tancredo? Getulio? Tivemos uma sucessão de políticos pequenos, tivemos uma sucessão de eleições onde se escolhia o menos pior. E dentre os congressistas; qual foi o ultimo grande legislador? Algum nome lhe vem a mente?

No espasmo social que o Gigante deu em junho, vários militantes dos partidos correram para a rua para levantar suas bandeiras. Fui e sou contra por dois motivos: Por mais que os temas sejam os mesmos, aquele monte de gente não estava na rua apoiando os partidos cujas bandeiras se desfraldavam sobre suas cabeças e essa imagem da bandeira em meio àquela multidão é uma propaganda eleitoral forte demais para marqueteiro deixar de fora da propaganda eleitoral. A multidão não foi pra rua atendendo ao chamado dos partidos, foi o contrario; Como os partidos tiveram que sair de casa para reagir ao povo, deveriam eles, os militantes, se despir do uniforme do partido e entender que eram parte do povo ao sair pra rua. Essa inversão parece sutil, mas acho que diz muito.

Mas o espasmo veio e se foi, o Gigante não acordou, nem virou de lado. Nem uma câimbra em meio ao seu sono em berço esplendido. Depois de várias ações táticas diversionistas (plebiscito, reforma politica para o próximo período eleitoral, mais médicos, agora mais engenheiros), tudo voltou ao que era. Os movimentos careciam de uma liderança inspirada. De objetivos atingíveis, de algo palpável em que se firmar. Disparou pra muitos lados, PEC37!? Impeachment!? Reforma eleitoral!? Reforma tributária!? Cura gay!? Tudo e nada? E a falta de foco dispersou a multidão, mesmo porque não se tinha uniformidade nas querências. O que unia todos era a insatisfação com o que temos ai.

Pelo menos pra mim, ao ver o quadro geral da sociedade brasileira, me vejo como numa loja. Uma loja de , digamos roupas onde nada me agrada. Ou a moda não é a minha moda ou a qualidade não é a que eu espero, atendimento não é satisfatório, preço não atrativo... É como uma loja da C&A.


Sabe qual é a diferença? Eu posso escolher não entrar na C&A.

9.8.13

Envelhecer ganha da alternativa.

Eu me lembro remotamente de ler essa gota de sabedoria em algum texto em inglês onde, se não me engano, lia-se: “Grow old beats the alternative”.

Sempre achei que era uma frase, tanto em inglês quanto em português, sagaz e inteligente. Que traz uma boa mensagem dentro de uma frase que exige alguns microssegundos de processamento cerebral para ser totalmente compreendida.

Gosto dessas frases que não são prontamente obvias em seu recado. E largadas na sua cara. Acho que faz parte da condição de CDF (nerd é o caralho) que fez parte da minha adolescência.

Na faculdade um cara mandou uma vez, acerca de uma mocinha que passava se pavoneando pelo campus:

De longe ela parece que é feia; De perto, parece que está longe

Achei fantástica.

Por isso, ao ler hoje no Facebook num post com um apanhado de gotículas de sabedoria com um pé na auto-ajuda que um amigão meu colocou la, li uma variação dessa frase que me fez ficar pensando um pouco enquanto dava uma cagada.

Filosofia de privada consegue ser mais profunda (trocadilho embutido(nível inception)) do que filosofia de boteco.

Pensei um pouco no tema desse post

E nessa necessidade de explicar as coisas.

A versão da frase que eu li dizia:

Envelhecer ganha da alternativa – morrer jovem.

De onde vem essa necessidade de mastigar as coisas para os outros? Tenho certeza que meu amigo viu a tal lista em algum lugar e copiou / colou. Talvez ele tenha decidido editar a frase, talvez tenha recebido já editada. Não estou buscando culpados, me questiono porque temos visto mais e mais essa necessidade de mastigar as coisas, entregar digeridas, não deixar nada para a dedução.

Será a falta de fé na capacidade de leitura / interpretação dos outros? Evitando todo o possível falar em analfabetismo funcional e tals.


Mas acho que mais do que a geração da banalização, estamos entrando na era da Bazingalização.