Uma Casa Séria

30.9.10

Abre Parênteses

Estou em processo de mudança de residência, o que, por si só já é bastante desgastante. Procura imobiliárias. Contata imobiliárias. Visita imobiliárias. Visita imóveis. Fotografa imóveis. Puta apartamento ruim da porra. Esse é mais ou menos mas o lugar é ruim. Esse é bom, mas é caro. Corretor liga pra oferecer imóvel que já visitei com outro corretor.

Numa dessas saídas com uma corretora pra ver uns apartamentos, ao terminar tive que leva-la de volta pra imobiliária e nesse momento ela já não tinha mais como ser verborrágica e detalhar o próximo imóvel, por isso um certo silencio se instaurou no carro. Mas ela não foi capaz de sustentá-lo por 2 minutos, já mandou um “Você é corinthiano?”.

Água, minha filha. Eu sou, antes de tudo mais, anti-corinthiano e essa devoção que eles vociferam pelo time que me remete a uma coisa acima da análise racional em que em tudo o Time (com letra maiúscula mesmo) faz está certo; essa coisa semi religiosa com que tratam-se os times de futebol.

Não respondi nada disso porque era demais, só falei que sou torcedor do São Paulo.

Daí ela tentou de novo: “Você é PT?”.

Aí foi demais. Respondi que essa coisa de ser PT, ser PSDB, PV, PCB, PQP reduz a discussão de propostas, prioridades, programas ao mesmo nível do futebol e empobrece o debate. Que dizer “Eu sou PT”, implica que voto no partido independente de quem esteja concorrendo.

Perguntei se, para deputados estaduais e federais, ela sabia quem seriam os candidatos eleitos quando ela votasse em qualquer candidato cujo numero começasse com 13.

Ela ainda tentou timidamente dizer que acha que o continuísmo é uma coisa boa, porque os principais projetos de um governo são engavetados quando a oposição ganha.

Tomou outra, porque deve existir algo maior, chamado plano diretor de desenvolvimento que deve ser seguido, e é garantir que isso aconteça uma das atribuições do legislativo.

Saiu do carro tonta, a coitada.

Fecha parênteses

29.9.10

Em tempos de eleição eu sempre me pego observando e criticando o sistema político- pornográfico-eleitoreiro brasileiro.

E dessa critica sempre sobra a compreensão e confirmação que entre intenção e realização existe uma lacuna enorme, ainda mais quando tem tanta gente mal intencionada (o bem intencionada a encher o próprio bolso) nesse mundão.

Brasília é uma ilha

A mudança da capital nacional do Rio de Janeiro pra Brasília foi motivada por uma intenção barra necessidade de desenvolver o interior do país. Custa me crer que a intenção tenha sido a de ver acontecer esse distanciamento entre representantes e representados que vemos, seria superestimar demais a filhadaputiçe do povo do governo do Juscelino.

Mas o que aconteceu foi isso mesmo. A tomada de decisões do país se da longe do povo interessado nestas decisões. Numa cidade que vive da burocracia e do serviço publico, e que tem status de Estado da Federação.

Duvido que, se estivessem mais perto do povão, boa parte dos escândalos que aconteceram por lá não teriam motivado manifestações populares mais intensas, ou talvez eu que esteja superestimando o brasileiro médio.

De acordo com dados divulgados pela ONG Contas Abertas (que utiliza como fonte o Sistema de Acompanhamento dos Gastos Federais) sobre a Câmara Federal, hoje um deputado ganha salário mensal de R$ 12,8 mil. Os 513 parlamentares recebem também verba de gabinete de R$ 50,8 mil mensais, verbas indenizatórias de R$ 15 mil (para hospedagem, combustível e consultorias) e mais R$ 3 mil de auxílio-moradia.

Cada deputado também recebe R$ 4,2 mil para despesas com telefone e postagem de cartas, além de uma cota para cobrir passagens aéreas que varia de R$ 6 mil a R$ 16,5 mil dependendo do Estado de origem.

E ainda assim, é cada vez mais comum ver esses representantes envolvidos em casos de corrupção, enriquecimento (mais?) ilícito e falcatruas em geral.

E quem é enviado para representar o povo?

A seguir:

Fenômeno Tiririca

Promiscuidade partidária

Legislativo – um poder cada vez menor

Bipartidarismo enfraquece a discussão

Representatividade.